Apostila Inicial
Um incentivo para que nossas bailarinas busquem mais conhecimento.
Dançar!
Apenas Dançar.
Vou tentar definir dança.
Dançar é exteriorizar o que
de melhor temos, exprimir com uma linguagem corporal o que sentimos, transmitir
emoções e explicar a que viemos.
A bailarina nasce com o dom,
cabe ao mestre desenvolver o talento. Pois não podemos fabricar uma bailarina,
e sim lhe ensinar técnicas, execuções e leitura musical.
A magia da dança está em
deixarmos fluir nossas emoções, deixar a música penetrar nossa alma e acima de
tudo dançar para nós mesmos e com muita paixão.
Numa explosão de movimentos a bailarina, torna visível o
que não se pode ver, fazendo assim com que todos a sua volta se apaixonem pela
sua dança.
A dança é linda aos olhos de
quem sabe apreciá-la.
E amo dançar, dançar é
viver.
Desejo que esta apostila possa
ajudar você em seus estudos.
Autora do texto: Jaqueline
Barreto.
(Profª, Coreógrafa,
Bailarina e Produtora).
A
Origem da Dança do Ventre.
Não há registros concretos que provem
com exatidão e clareza a origem da dança do ventre.
No princípio, os nomes reais
da dança do ventre eram:
·
Dança Oriental, conhecida pelos orientais e nos países árabes.
·
Raks El Shark “dança do leste”. Local onde o sol nasce.
Obs: O nome “dança do
ventre” foi dado pelos franceses para aquela dança na qual, a bailarina mexia o
estômago e o quadril de forma voluptuosa, ao som de ritmos orientais.
·
Americanos – Belly Dance
·
Egípicios – Raqs Sharqê
·
Franceses – Dança do Estômago.
A dança é uma das mais antigas artes.
Pois através dela, o homem passa a perceber o seu corpo de maneira instintiva.
Há mais ou menos 12.000 anos antes,
no Antigo Egito, numa época remota, já existiam danças ritualísticas feitas
para algumas finalidades:
·
Dança da Fecundidade: Mulheres em volta das fogueiras balançavam o
quadril, pulsavam o ventre, contorciam-se como serpentes em louvor à Deusa-Mãe,
símbolo de luz e alimento para os primitivos.
·
Danças com sacrifícios: Para oferendas, rituais culturais, funerais e
etc, nas tribos Bárbaras e Nômades dos desertos.
Obs: No antigo Egito a dança
ritualística tinha um caráter sagrado, ligado à história e aos costumes.
Benefícios:
É necessário esclarecer inicialmente,
que esta dança, este trabalho corporal, é exclusivamente voltado à mulher,
independente de sua idade. O caráter terapêutico da sagrada e milenar arte da
Dança do Ventre trabalha as juntas do corpo, coibindo a rigidez, com o passar
dos anos.
Ajuda a conservar à auto-estima
elevada, despertando ou resgatando a verdadeira mulher que existe dentro de
você.
Como uma verdadeira terapia, a dança
cuida do corpo, da mente e da alma. A mulher se torna mais feminina, graciosa,
leve e confiante. Seus músculos ficarão tonificados, alongados e elásticos.
Desenvolve a musicalidade e coordenação motora. Os órgãos internos serão
massageados, auxiliando na digestão, cólicas, partos, além de combater o stress
excessivo do cotidiano.
Todas as cartilagens e discos da
coluna são delicadamente estimulados e massageados. Na região lombar os
resultados são excelentes.
Seus benefícios, tanto físicos como
psicológicos, são comprovados. Ativa a circulação sangüínea, melhora o
funcionamento do aparelho digestivo, dos rins e dos órgãos sexuais. Proporciona
a redescoberta do feminino, com todo o sensualismo que lhe é peculiar.
Nos nossos dias as gestantes devem
praticar a Dança do Ventre de forma moderada, até a proximidade do parto, (com
autorização médica e, principalmente, orientadas por um profissional
competente), pois o parto é facilitado e a recuperação da mulher se dá de forma
mais rápida.
Mas tudo isso requer trabalho,
pesquisa e estudo sério. Para que se saiba exatamente o que está fazendo, para
que sejam respeitados os costumes e as características de um povo, e para que
seja resgatada e mantida a sua verdadeira essência, de modo que as próximas
gerações possam usufruir desta riqueza herdada pela humanidade.
Alguns
Estilos de Dança do Ventre:
Dança com
Véu:
O véu é muito importante na Dança do
Ventre, significa o vento do deserto, transmite um clima de pureza, mistério e
magia, além de um belo efeito visual. O véu serve para abertura da dança, pois
ele limpa o ambiente, harmonizando o mesmo. A dançarina tem que trazer o
público para si.
O véu não faz parte necessariamente
da dança oriental. As egípcias usam muito pouco, as libanesas usam de forma
básica. As grandes divulgadoras de véu são as ocidentais (americanas e
européias).
O movimento faz com que o nosso véu
cole no corpo, portanto sua postura, elegância e classe são fundamentais. Veja seu véu como continuação de seu braço ou
ainda como uma segunda pele. Movimentos leves, giros básicos, cambrês, são bem
vindos. Os ritmos lentos são mais usados (Wharda Wo Noz, Tchifftitilli...). A
leitura musical é muito importante na sua dança, portanto estude a música que
vai dançar e preste atenção nas frases. Basta ouvir com a alma que saberá
desenvolver seus movimentos. Véu desenvolve movimentos clássicos e suaves, não
esqueça da ½ ponta. O elemento simbolizado pelo véu é o ar. A roupa tradicional
e sem exageros. (Hoje existem roupas para esse tipo de dança). E quando deixar
seu véu no chão, não o pegue de volta e cuidado onde deixa para não escorregar
nele.
Modelos: Tradicional ou Terra (retangular),
Água (com as bordas em curva, lembrando uma ½ lua), Wings (frisados), borboleta
(preso no pescoço e nos dedos).
Tamanhos: Hoje existem vários
tamanhos, os preferidos são com 2,30 de comprimento e 1,40 de largura.
Cores: Podem ser da cor da saia, mas
hoje existe o palha de seda arco-íris que combina com todas as saias.
Tecidos: Palha de seda, voal,
musseline, crepe jorgete, não pode ser engomado para ter bom caimento.
Seja serena e encante o seu público.
Dança com
Sete Véus:
A dança dos sete véus é uma das mais sensuais modalidades da Dança do
Ventre. Normalmente se dança com uma música mais lenta, o que permite que
qualquer bailarina seja qual for sua idade possa dançar. Ela não exige um
esforço físico muito grande, pois seus movimentos são mais graciosos, lentos e
sensuais. As bailarinas de modo geral têm sua forma pessoal quanto ao tamanho e
local de prender os véus. A roupa é tradicional e normalmente de cor clara,
para não haver poluição visual.
Apenas para refletir:
Certa vez, vieram para a corte
do prícepe de Birkasha uma dançarina e seus músicos. Tendo sido admitida na
corte, ela dançou a música da flauta, do alaúde e da cítara.
Executou a dança das chamas e do fogo e a dança das espadas e das
lanças. Dançou as estrelas e o espaço e então, ela dançou a dança das flores ao
vento.
Quando terminou, aproximou-se do príncipe e curvou o corpo, em
reverência, diante dele.
O príncipe ordenou que ela se aproximasse e perguntou –lhe:
“Bela mulher, filha da graça e do encanto, de onde vem a sua arte e o
que é este seu poder ao comandar todos os elementos em seus ritmos e versos?”
E a dançarina, aproximou-se, curvou mais uma vez o corpo em reverência
e respondeu.
“Sua alteza, sereníssimo senhor, eu não sei a resposta para suas
perguntas. Somente isto eu sei: a alma do filósofo habita sua mente, a alma do
poeta habita seu coração, a alma do cantor habita sua garganta, mas a alma da
dançarina habita todo seu corpo.”
Extraído de O
Viajante de Khalil Gibran.
Gibran Khalil Gibran - (1883-1931)
Gibran Khalil Gibran nasceu em 6 de
dezembro de 1883, na cidade de Bisharri, no sopé da Montanha do Cedro, no norte
do Líbano. O pai, um coletor de impostos, bebia e jogava, mas vinha de uma
linhagem de intelectuais e de religiosos maronitas pelo lado da mãe. Khalil não
teve uma educação formal, mas aprendeu inglês, francês e árabe ao mesmo tempo,
além de revelar-se uma promessa precoce como artista, desenvolvendo uma paixão
por Leonardo da Vinci aos seis anos de idade. Aos onze anos, toda a
família, com exceção do pai, emigrou para a América e estabeleceu-se em uma
comunidade de imigrantes libaneses no bairro chinês de Boston. A mãe trabalhava
como costureira, e o irmão mais velho, Boutros, abriu um armazém. Gibran
freqüentou a escola, onde seu nome começou a ser escrito como Khalil. Foi
mandado para aulas de desenho e em seguida foi apresentado ao fotógrafo Fred
Holland Day, que o usou como modelo e lhe encomendava desenhos.
Em 1898, Gibran foi mandado para casa para freqüentar a
escola Al Hikma, em Beirute. Estudou literatura francesa romântica e árabe. Em
1902, voltou para a família via Paris. Uma das irmãs, Sultana, morreu de
tuberculose antes da sua chegada, e foi logo seguida pelo irmão, Boutros.
Dentro de apenas algumas semanas, a mãe morreu de câncer, deixando-o com a irmã
caçula, Mariama. Gibran vendeu o armazém e passou a ganhar a vida como pintor.
Mais tarde, teve um romance com a jornalista Josephine Peabody, que o
apresentou a Mary Haskell, uma professora que viria a ser sua patrocinadora e
colaboradora. Sua carreira como escritor estabeleceu-se quando começou a
escrever para o jornal Mohajer, de emigrantes árabes.
Em 1905, o primeiro livro, AI-Musiqah, foi
publicado. Seguiram-se mais artigos e livros, a maioria criticando o Estado e a
Igreja e, em 1908, seu livro de poemas em prosa, Ai-Arwah ai Mutamarridah, foi
proibido pelo governo sírio e ele foi excomungado pela Igreja Sida. Mary
Haskell patrocinou-lhe então uma estada de dois anos em Paris, onde Gibran
estudou pintura na École des Beaux-Arts e na Académie Julien, onde fez uma
exposição em 1910.
De volta aos Estados Unidos, depois de Mary Haskell ter
recusado seu pedido de casamento, mudou-se para Nova lorque e trabalhou como
pintor de retratos. Fazia exposições regularmente, e um livro com seus desenhos
foi publicado. Em 1912, a publicação de sua novela Broken Wings
rendeu-lhe uma correspondência permanente com May Ziadah, uma jovem libanesa
que vivia no Cairo. Mary Haskell encorajou-o a escrever em inglês e, em 1915,
apareceu um poema, Pie Perfect World, seguido do primeiro livro em
inglês, Pie Madman, em 1918. Durante este tempo, continuou a escrever em
árabe e a trabalhar como artista.
Em 1920, Gibran tomou-se um dos fundadores de uma sociedade
literária chamada Arrabitali ou O Laço da Pena. Sua carreira como
pintor e escritor florescia, mas estava com problemas cardíacos e começou a
beber muito para mitigar as dores no coração. Era convidado com frcqtiência a
discursar para congregações de igrejas liberais.
Em 1922, foi inaugurada uma exposição de seus desenhos a
bico de pena e aquarelas e, em 1923, foi publicada sua obra-prima, O Profeta.
Foi um sucesso imediato e as vendas nunca caíram. Publicou vários outros
trabalhos em inglês e em árabe, sendo o mais notável Jesus, Filho do Homem (1928),
antes de morrer de insuficiência hepática e tuberculose incipiente em 10 de
abril de 1931. Gibran nunca perdeu a aixão pelo Líbano, sua terra natal, onde
foi enterrado e onde é considerado uma lenda.
Fonte: O Profeta - Gibran Khalil Gibran, Editora
L&PM - 2001
Nenhum comentário:
Postar um comentário